segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

John Neschling - a demissão do ano

Que escândalo!!
São 11 mensagens na minha caixa de e-mail com reportagens sobre o caso Neschling, a demissão do ano.
Em primeiro lugar, John Neschling fez um excelênte trabalho como reestruturador da OSESP. Que orquestra era aquela antes dele? Ele elevou os padrões, gerou empregos decentes para os músicos daqui, atraiu vários estrangeiros, conseguiu a sala São Paulo, conquistou um orçamento impressionante para os nossos padrões. Cobrou, sim, um salário condizível com sua tarefa.
Como maestro, foi contextado pela sua maneira desrespeitosa e autoridade excessiva.
Mais cedo ou mais tarde isso iria acontecer, principalmente quando a sua meiguice com os músicos se estendeu para o governador e o secretário. O ponto é, o Neschling é insubistituível; o cargo de maestro e diretor artístico da OSESP não é. Tortelier é um maestro ótimo onde não dá pra achar problema. Perfeito, famoso, competente.. Mas sinceramente, é isso que é preciso?
Ser maestro em SP não é ser chique, competente e maravilhoso, é ter contato$. A função é muito mais de trazer e manter patrocínio e visibilidade do que de acertar o andamento ou fazer uma música emocionante. O Tortelier, sinto muito, não é quem vai correr atras de nada, é simplesmente um maestro caríssimo que vai dar status a uma estrutura vazia. É como se eu comprasse uma bolsa de mil reais pra guardar meu bilhete único. A discussão é a respeito da estrutura. A cabeça e o corpo eram o Neschling. E agora, quem vai decidir programação, fazer contatos, contato$, essas coisas de maestro diretor artístico? Um gringo?
Mais: e a música brasileira? A OSESP do Neschling tocou, fez, buscou, gravou, etc. Quem vai agora? Vamos por mais uma das nossas riquezas nas mãos dos gringos ou continuar com vários diamantes brutos??
Citando o Jou: "Ninguém reclama do presidente do Santander ganhar um salário astronômico mas do salário do maestro todo mundo dá palpite." A realidade do país realmente está muito longe de tornar aceitável dinheiro público pagando salários desse porte. Mas creio que está mais errado dar muito do nosso dinheirinho pra gente de fora e que não vai fazer o trabalho grosso. Porque não brasileiros? Existe gente qualificada pra exercer essa função que poderia prosseguir com o trabalho do Neschling e crescer não só com a orquestra mas com o nosso país. Essa mania de brasileiro não se consumir por não acreditar em sí próprio. Seria um bom passo, bem menos perigoso e aceitável.

Espero que a OSESP não acabe e sim que o exemplo seja seguido, e mantido.
Boa sorte a todos nós, menos aos malvados.