quarta-feira, 9 de abril de 2008

Simplicidade

Certo dia me peguei comovida pela simplicidade de uma amiga que escreveu ingenuamente em seu orkut sua preferencia literária sem ter a menor idéia que diversas pessoas ridicularizam os leitores de tal autor.
Pois então, quase como uma resolução de ano novo resolvi deixar de ser tão crítica com as pessoas. Não parei de achar problemas mas tento agora ver a coragem que é necessária para se ser do jeito que se deseja sem se incomodar com os outros.
Nesse processo resolvi andar de head-set na rua ouvindo mp3. O fio embolado é maior que o próprio aparelho e outro dia me chamaram de E.T.. Mas e daí? Que ninguém paga minhas contas eu já sabia. Mas o que não tinha percebido que toda essa vergonha de se expor foi construída quando eu precisava ser aceita por um grupo x de pessoas diferentes de mim. Hoje não quero mais ter medo e sim viver a minha vida em casa detalhe, bom e ruim, e ter a certeza que fui coerente comigo mesma e aproveitei cada emoção.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Eu sou um cachorro.

Sábado passado me apaixonei.
Estava passando na rua e um doce cão veio andando ao meu lado querendo chamar minha atenção. No trajeto, chegando no ponto do ônibus, eu já havia percebido que ele seguia mulheres e ao ser ignorado tentava a próxima. Acontece que na minha vez eu dei trela e por ali ele ficou. A moça que chegou na fila logo atrás de mim ofereceu uns biscoitos pro meio-poodle-meio-lata que cheirou e não comeu. Eu abaixei e os dei na boca do cão que acabou comendo o pacote todo. Na metade, ele saiu andando, atravessou a rua olhando para os dois lados, foi no matinho, fez xixi, voltou e continuou comendo. Educadíssimo. Sentou ao meu lado e ficou esperando o ônibus conosco, calado. Eu me despedi, (a essas alturas já tava gamada), disse que ia embora e entrei no ônibus. O fofinho esperou todos entrarem e veio atrás. O motorista ainda disse "ê rapaz, você num pode, desce..." e ele ficou, deixando meu coração partido.
Na volta olhei atentamente pra ver se não o encontrava. Teria o trazido, imaginei tudo, passar no pet shop, dar banho, vacina e ficar com ele. Ainda imagino ele aqui em casa pedindo pra ir na rua se aliviar.

Cachorro é um bicho carente; precisa de amor, carinho e atenção o tempo todo. Por isso digo que sou um cachorro. Se ele estiver lá no sábado eu trago ele, nem que seja a pé.

Declinações mentais ( se vc não fala, estuda, conhece ou tenta alemão, não chore).

O que nos torna tão frágeis?

Por que simples declinações podem me tirar do sério, confundir minha cabeça e meu todo entrar em crise pois nunca sei se é blaue ou blauen ou blaues ou blau. Deveria variar o tom.
Por que há três artigos? E por que eles declinam de maneiras diferentes se é sujeito, objeto direto ou indireto?
E por que é de um jeito se tem o artigo e de outro se não tem?
E por que faz einen roten e ein rotes? É tudo um vermelho só, caspita...
Eu sei, não é.
E por que com o welche e o diese fica diferente?
E não faz sentido.
Eu to complicando?
Isso tem tirado meu sono...
E a minha paz de espírito.
De repente ficou impossível entender, emburreci, mudei, travei, pirei, surtei.
Há uma semana estava tudo sobre controle.
Alguém achou um parafuso?

A língua nacional

Não sei o que acontece com a nova geração de adolecentes. Eles não sabem escrever.

Não me refiro a parte desfavorecida da sociedade que não tem acesso a educação, livros, leitura, orientação e ainda vive num sistema que não reprova jogando a chance de aprender no lixo, mas às crianças que tem escola particular que reprova, pais cultos e interessados e dinheiro.
Será o msn? O mal hábito de mandar mensagens curtas e rápidas? O interneix? Me espanto porque no 'meu tempo' escrevíamos bem menos comparado a hoje. Líamos menos, nossa comunicação era por cartinhas e não tínhamos tanto volume de informação trocada em tão pouco tempo. Nem abríamos sites a todo instante, o que já confere um contato com diversas palavras. Era só o livro da escola, a leitura de lição, gibis e algum livrinho, revista, etc. Não cresci tendo Google, tinha que ir à biblioteca ver na Barsa e não era prático.
Deve ser moda. Até mesmo porque compõe o orkut dessa garotada a seguinte frase: "Odeio ler.", na frente do ítem 'livros'. Se eles realmente não gostassem de ler prefeririam o telefone ao Msn; e na hora que se derem conta que estão se emburrecendo, que não vão entrar na faculdade no curso que querem ou que não terão dinheiro pra sustentar seus mimos proporcionados pelos pais por tempo limitado, talvez descubram como é útil ler. Pior, talvez até gostem...

O que eu, como educadora, posso fazer?

Ok, mais uma revolta registrada.